Shelley Winters, sem pelos na língua
Shelley Winters, uma atriz de grandes registros dramáticos, vencedora de dois Oscars e outros grandes prêmios, e possuidora de uma personalidade notável dentro e fora das telas.
Shirley Schrift, conhecida como Shelley Winters, nasceu em East St. Louis, Illinois, em 18 de agosto de 1920. Sua mãe era cantora de ópera e seu pai alfaiate. Quando Shelley era muito jovem, toda a família Schrift mudou-se para Nova York, onde estudou atuação na New School for Social Research. Aos 19, ela foi modelo e showgirl na Broadway, até que lhe ofereceram um papel na peça “A noite antes do Natal”, e então passou a interpretar “A Streetcar Named Desire”, de Tennessee Williams. Aos 21 anos, ele começou sua carreira no cinema com uma aparição na comédia de 1943 ‘Que mulher!’
Quando chegou a Hollywood, a atriz de Illinois mudou-se para um apartamento compartilhado com outra artista que também buscava ganhar uma posição no mundo do cinema: Marilyn Monroe. A própria Shelley Winters contou em várias ocasiões como ela ensinou Marilyn Monroe a posar de uma forma sexy e provocativa, indicando que diferentes biquinhos faciais pareciam irresistíveis, como apertar os olhos e separar os lábios sugestivamente. Winters e Marilyn Monroe mantiveram a amizade por toda a vida, e o passar dos anos não poderia prejudicar o grande carinho que ambos professavam um pelo outro. Shelley Winters era a melhor e mais sincera amiga de Marilyn Monroe.
Embora Shelley Winters tenha sido inicialmente classificada em papéis de símbolo sexual, ela logo procurou ampliar seu horizonte. Seu primeiro filme notável foi o drama “Double Life” (1947), dirigido por George Cukor, que recebeu quatro indicações ao Oscar. Depois deste enorme sucesso e, ao verificar o enorme potencial que a atriz tinha, passou a contar com ela para projetos realmente interessantes como ‘A Marked Life’ (1948), um thriller dirigido por Robert Siodmark, ou ‘The Great Gatsby’ (1949). Em 1942 ela se casou com seu primeiro marido, Paul Miller. O casamento acabou em 1952.
No entanto, não foi até que Anthony Mann deu a ela um papel principal em ‘Winchester 73′ (1950), junto com James Stewart, que a enorme categoria de atuação de Shelley foi demonstrada desempenhando o papel de uma mulher explorada, marginalizada e abandonada, que sem é forte o suficiente, em um mundo dominado principalmente por homens, para se defender sozinha.
Assim começa uma carreira repleta de sucessos, com títulos como ‘Um lugar ao sol’ (1951), junto com Liz Taylor e Montgomery Cliftt, ‘Eu amei um assassino’ (1951) ou ‘Chame um desconhecido’ (1952), com Bette Davis. Naquele ano casou-se com o ator italiano Vittorio Gassman, com quem dividiu os créditos no filme ‘Mambo’ (1954), coestrelado por Silvana Mangano e dirigido por Robert Rossen. A ligação entre Gassman e Shelley duraria muito pouco, pois em 1954 eles acabaram se separando.
Participou também da única produção dirigida pelo grande ator Charles Laugthon, ‘The Night of the Hunter’ (1955). Nesse mesmo ano, após trabalhar no filme de Robert Aldrich, ‘The Big Knife’, decidiu abandonar o cinema para se dedicar ao teatro durante quatro anos. Ela voltou às telas em 1959 e com ‘O Diário de Anne Frank’, cujo trabalho foi premiado com um Oscar de melhor atriz coadjuvante. Em 1962, Cukor dirigiu-a em ‘Confidencias de mulher’, um drama tradicional que em sua época teve uma recepção extraordinária. Seu terceiro marido foi o ator Anthony Franciosa, com quem se casou de 1957 a 1960. O Oscar conquistado por ‘O Diário de Anne Frank’ foi o culpado pelo divórcio: A atriz temia brigas com o marido por causa da estatueta, desde que Franciosa foi excluído das indicações. Quando eles se divorciaram, Winters declarou: “Quando eu trouxe o Oscar para casa e vi como ele o encarava, sabia que nosso casamento havia acabado”. Curiosamente, Franciosa faleceu cinco dias após a morte de Winters.
A atriz voltaria a deslumbrar com sua magnífica atuação, na adaptação do romance ‘Lolita’ de Navokov (1962), dirigido por Stanley Kubrick, naquele que foi um filme polêmico e arriscado para a época. Seu segundo Oscar é conquistado como a mãe violenta de uma garota cega em ‘A blue patch’ (1965). Em 1970 ela apareceu como uma mãe perversa, fria, cruel e criminosa em ‘Bloody Mom’, de Roger Corman, na década de nos anos 70, Shelley continuou a demonstrar sua grande versatilidade com títulos como ‘O que há de errado com Helen?’ (1971) ou ‘The Chimerical Tenant’ (1976), de Roman Polanski, mas sem dúvida o filme que mais notoriedade lhe deu nesta década foi ‘The Poseidon Adventure’ (1972), que novamente lhe rendeu uma indicação para o Oscars. Ele continuou trabalhando nas décadas seguintes, sua última aparição foi em 1999.
Shelley Winters escreveu várias peças e publicou em 1980 sua autobiografia, ‘Shelley Also Known As Shirley, e posteriormente, outra: ‘Shelley II: Metade do meu século’, em que nada se calou, indicando como os galantes mais solicitados da época passavam por sua cama, citando nomes específicos como Clark Gable, Errol Flynn, Marlon Brando, William Holden ou Sean Connery, contando com tudo e assina o apaixonado caso de amor que teve com o ator escocês em Londres, antes de se tornar o Agente 007. Ele também revelou detalhes da indústria cinematográfica e destacou o frustrado amor que sentia pelo ator Laurence Olivier, que certa vez encontrou nos braços de sua amada Marilyn Monroe.
Shelley Winters morreu em 14 de janeiro de 2006 em Los Angeles como resultado de insuficiência cardíaca. Ele tinha 85 anos. Ela foi uma pioneira que abriu caminho para as mulheres não apenas no cinema. Libérrima, ela não se limitou apenas a fazer filmes, ela também se dedicou ao teatro, trabalhou na Europa, fez televisão e também foi uma militante ativa da esquerda feminista.