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Alfonsina Storni. Uma mulher além do seu tempo.

Poetisa argentina de origem suíça, Alfonsina Storni também era feminista, professora,  atriz e jornalista.
Aos 19 anos de idade  tornou-se mãe e criou o seu filho sem um companheiro, algo rejeitável para a época,.
O que não a impediu de se tornar a primeira mulher reconhecida entre os melhores escritores naquela época.
Em 1938, depois de um longo período de andanças entre poemas, homens, luta e solidão, Alfonsina deu os seus últimos passos nas areias da praia do Mar del Plata, Buenos Aires, para entregar-se ao mar e nunca mais voltar.

Alfonsina deixou um legado que mais do que material, foi espiritual. Por um lado, as suas obras literárias enriqueceram o património cultural da Argentina, privando à literatura do país de obras maiores devido à sua excepcionalidade, mas por outro, um novo horizonte se abriu para muitas mulheres que, até então, viviam num mundo de submissão ao homem e onde o discurso matriarcal era inimaginável. Talvez, Alfonsina não teve a noção dos frutos que poderia dar a semente que plantou, mas, o que é certo, é que depois dela vieram muitas mulheres que, seguindo o seu exemplo, impuseram à sociedade uma nova forma de ver a mulher que paulatinamente foi sendo aceite pela mesma até os dias de hoje. É assim que Alfonsina Storni converteu-se não só numa das principais referências da literatura hispano-americana, como também a principal voz do movimento feminista da Argentina.

Deixamos aqui um de seus poemas traduzidos:

Um dia 

Você anda por esses mundos como eu; não me diga
Que você não existe, existe, devemos nos encontrar;
Nós não nos conheceremos, disfarçados e desajeitados,
Nós caminharemos pelas estradas largas.

Nós não nos conheceremos, distantes um do outro
Você sentirá meus suspiros e eu te ouvirei suspirar.
Onde será a boca, a boca que suspira?
Nós diremos, a estrada retornando para refazer.

Talvez nos encontremos cara a cara um dia,
Talvez nossas fantasias possam ser removidas.
E agora eu me pergunto … Quando isso acontece, se acontecer,
Eu vou saber sobre suspiros, você vai saber como suspirar?

Original

Un dia

Andas por esos mundos como yo; no me digas
Que no existes, existes, nos hemos de encontrar;
No nos conoceremos, disfrazados y torpes,
Por los anchos caminos echaremos a andar.
No nos conoceremos, distantes uno de otro
Sentirás mis suspiros y te oiré suspirar.
¿Dónde estará la boca, la boca que suspira?
Diremos, el camino volviendo a desandar.
Quizá nos encontremos frente a frente algún día,
Quizá nuestros disfraces nos logremos quitar.
Y ahora me pregunto… Cuando ocurra, si ocurre,
¿Sabré yo de suspiros, sabrás tú suspirar?

Leia mais poemas de Alfonsina aqui:

Parte deste artigo foi composto por meio do artigo do Obvious. Veja aqui

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