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Figura só. Obra de Tarsila do Amaral que retrata um momento reflexivo da artista

Figura só, Tarsila do Amaral, 1930.
Um vento forte se abate sobre uma solitária figura feminina em uma paisagem noturna, melancólica de solo verde-oliva e céu azul-prussiano. A personagem está de costas para o espectador, vestindo um traje rosa, não vemos seu semblante, mas o formato de seu corpo, tal como uma gota de lágrima, sugere seu estado de espirito. Ela fita o infinito da paisagem ocupada por quatro elementos verdes- vegetações fantásticas verticalizadas que já se anunciavam em obras anteriores, como distância (1928), Sol poente (1929) e Floresta (1929). As oito luminosas pinturas do ano mais prolífico da artista,1929 (Como Antropofagia, Floresta, Cartão-postal, Sol poente e Idilio), são sucedidas por uma solitária pintura de tons escuros. Composição (Figura só), que pode ser considerada um auto-retrato, se destacada das demais obras de Tarsila, tanto aquelas de anos anteriores quanto as de anos posteriores, e não por acaso a única pintura feita em 1930. Aquele ano marca um ponto de reflexão na vida da artista, do país e do mundo. Em 1929, a abastada família de Tarsila, constituída de fazendeiros cafeicultores, perdeu a fortuna com a crise financeira internacional deflagrada pela quebra da bolsa de NY em outubro. Em 1930, um golpe de Estado pôs fim na chamada Era Vargas, em referência a Getúlio Vargas, que governou o Brasil até 1945. No mesmo ano de 1930, o companheiro e parceiro intelectual de Tarsila (Oswald de Andrade) se separou dela pois havia se apaixonado pela escritora Patricia Galvão (conhecida como Pagu). Nada mais seria como antes.
Texto tirado e adaptado da Exposição Tarsila Popular no Masp. Período da exposição: 05/04 a 28/07/19. 

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